Vibrissas: bigodes com superpoderes
- Doguinho
- 2 de set.
- 4 min de leitura

Você já deve ter se encantado com a forma como o seu cão parece “sentir” o mundo — desviando de obstáculos com precisão, farejando caminhos invisíveis e reagindo a movimentos quase imperceptíveis. E, provavelmente já se perguntou para que servem aqueles pelos mais longos e destacados, não é mesmo?
Muita gente os chama de “bigodes”, mas eles têm um nome técnico: vibrissas. E acredite, esses pelos não estão ali por acaso — eles são verdadeiros sensores naturais que ajudam os cães a explorarem o mundo com uma precisão impressionante.
O que são vibrissas?
As vibrissas são pelos táteis, mais grossos e rígidos que os pelos comuns. Elas estão conectadas a folículos profundos e altamente vascularizados, cheios de terminações nervosas e câmaras de sangue chamadas senos cavernosos. Isso significa que qualquer movimento, toque ou vibração captado por elas é imediatamente processado pelo cérebro do cão.
As vibrissas não se limitam ao focinho. Elas estão distribuídas estrategicamente em várias partes da cabeça do cachorro:
- Supraciliares: acima dos olhos, ajudam a proteger a visão contra objetos e partículas;
- Zigomáticas: nas bochechas, auxiliam na percepção lateral;
- Interramais: abaixo do queixo, captam estímulos próximos ao solo;
- Labiais: ao redor da boca, fundamentais para explorar objetos e alimentos.
Cada grupo de vibrissas tem uma função específica, e juntas elas formam um sistema sensorial poderoso que complementa os sentidos da visão, audição e olfato.

Como funcionam?
Imagine que seu cão está em um ambiente escuro. Mesmo sem enxergar, ele consegue se mover com segurança, evitando obstáculos e explorando o espaço. Isso acontece porque as vibrissas funcionam como uma espécie de radar:
- Detectam correntes de ar;
- Ajudam a medir distâncias;
- Permitem que o cão navegue em ambientes escuros;
- Protegem os olhos contra objetos indesejados (graças às vibrissas supraciliares).
Essas informações são transmitidas para o cérebro em tempo real, permitindo que o cão tenha uma “imagem tátil” do ambiente.
A verdade é que as vibrissas são verdadeiros instrumentos de navegação e comunicação.
Cortar vibrissas? Nem pensar!
Infelizmente, muitas pessoas cortam as vibrissas dos cães por motivos estéticos, especialmente durante a tosa. Mas isso pode ser muito prejudicial. Sem suas vibrissas, o cão pode se sentir desorientado, inseguro e até assustado, já que perde parte da sua percepção espacial. É como se tirássemos os sensores de um carro autônomo. Ele ainda funciona, mas com muito menos precisão e segurança.
Além disso, o corte pode ser doloroso se feito de forma inadequada. O ideal é conversar com o veterinário e o tosador para preservar essas estruturas tão importantes. A beleza do seu cão está na sua natureza — e suas vibrissas fazem parte dela.
Curiosidades que você talvez não saiba
Ao contrário dos humanos, que desenvolvem pelos faciais na puberdade, os cães já nascem com vibrissas. Elas são os primeiros pelos a surgir, ainda no útero, e já começam a funcionar desde os primeiros dias de vida. Isso garante que o filhote consiga se orientar, encontrar a mãe e explorar o ambiente mesmo com visão limitada.
As vibrissas também entram em ação durante interações com outros cães. Elas ajudam a perceber aproximações, intenções e até o estado emocional de outros cachorros. Um leve toque ou vibração pode indicar se o outro cão está tenso, amigável ou curioso. É uma forma de comunicação silenciosa, mas extremamente eficaz.
Assim como impressões digitais em humanos, o padrão de distribuição, comprimento e espessura das vibrissas varia de cão para cão. Algumas raças têm vibrissas mais longas e abundantes, enquanto outras apresentam fios mais curtos e discretos.
As vibrissas estão presentes em diversos mamíferos, como gatos, ratos, cavalos e até focas. Em todos esses animais, elas desempenham funções semelhantes: percepção tátil, navegação e proteção. Nos gatos, por exemplo, as vibrissas são tão sensíveis que conseguem detectar vibrações mínimas no solo.

Da próxima vez que você olhar para o focinho do seu cão, repare nesses pelos especiais. Eles são muito mais do que “bigodes fofos” — são ferramentas de sobrevivência, exploração e conexão com o mundo.
Respeitar e entender as vibrissas é mais um passo para oferecer uma vida mais rica, segura e feliz ao seu doguinho.
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